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Bairro Quarentenário, como tudo começou

A origem do nome Quarentenário vem da década de 1950. O bairro servia para deixar em ‘quarentena’ o gado vindo do Interior do Estado de São Paulo antes do abate no matadouro. Logo em seguida essa carne era liberada para exportação no Porto de Santos. Com a criação dos grandes frigoríficos, no início dos anos 60, o Quarentenário foi abandonado.

Em 1991, as dificuldades econômicas da população de São Vicente, aliadas ao déficit habitacional e à ausência de um plano diretor para a Área Continental provocaram a ida de 30 famílias para a região. O acesso limitado era feito de duas formas: TIM (trem intra metropolitano administrado pela Fepasa e depois pela CPTM), sem estação de parada e por uma estrada que vinha de Cubatão.

Desde essa época, a Irmã Maria Dolores Muñiz Junquera, preocupada com a situação precária de vida e saúde da população, iniciou o seu trabalho na Área Continental de São Vicente, no distrito de Samaritá. Organizou os primeiros moradores para reivindicarem junto à Prefeitura o abastecimento de água e fornecimento de energia elétrica.

A partir de 1994, a construção da ponte A Tribuna sobre o Canal dos Barreiros facilitou o acesso de carros e ônibus até o Quarentenário e expandiu a progressiva ocupação da área continental. Os moradores e a Irmã Dolores se reuniram novamente para definir as urgências daquele momento: posto de saúde e escola para as crianças.

Após ser procurada, a Prefeitura de São Vicente alegou que área de invasão não permitia, por lei, a construção do posto e escola. A Irmã Maria Dolores, com ajuda da Ong espanhola ‘Manos Unidas’ e de pessoas ligadas à Igreja Católica, construiu o Posto de Saúde, a Escola Municipal de Ensino Fundamental Raul Rocha do Amaral e a Igreja Nossa Senhora da Esperança.

Desde 2009 o bairro Quarentenário se chama Jardim Irmã Maria Dolores, em homenagem à Irmã Maria Dolores Muñiz Junquera, idealizadora da VIP e uma das fundadoras do bairro. Com área de 1.884.405 m² pertence à Área Continental de São Vicente. Localiza-se ao lado da Rodovia Padre Manoel da Nóbrega (Pedro Taques), que liga Cubatão ao Litoral Sul. Também fica próximo à linha férrea e às Rodovias Anchieta e Imigrantes, junto ao Jardim Rio Branco. Segundo o Censo 2010 do IBGE, moram aproximadamente 20 mil pessoas nesse bairro.


CRIAÇÃO DA ONG VILA PONTE NOVA

Para facilitar as parcerias com outros países, empresas e governos, em 1994 foi fundada a ONG Vila Ponte Nova Instituição Promocional – VIP – com a finalidade de assistir, educar e promover crianças, jovens e adultos. O primeiro projeto da ONG, em 1997, foi a Escola Profissionalizante Irmã Maria Dolores – VIP em função do crescente desemprego na região e a exigência de qualificação de mão de obra para o mercado de trabalho, além de tirar os jovens da ociosidade.

A Escola Profissionalizante oferece cursos que preparam 600 jovens e adultos por semestre para se candidatarem às oportunidades de emprego ou de geração de renda no mercado informal. Junto com a formação profissional, feita em parceria com o Senai, é dada uma formação mais abrangente com aulas de Cidadania.

A Irmã Maria Dolores fundou cinco capelas/centros comunitários com diversas atividades pastorais, grupos de convivência da 3ª Idade, grupos de ação cidadã. São eles: Nossa Senhora da EsperançaNossa Senhora de Lourdes, Nossa Senhora da Paz, São Francisco e Santa Clara, Nossa Senhora Aparecida e Padre Cícero.

CASA DA SAÚDE DA MULHER

Apesar de o bairro não estar longe do Centro de São Vicente, as gestantes tinham dificuldade na hora do parto, porque, muitas vezes, já sentindo as dores e, principalmente à noite, não tinham condução para ir até o hospital ou não podiam permanecer lá. Algumas mães que ainda não estavam na hora de ter o bebê passaram até por situações constrangedoras.

Diante desta situação, foi fundado o Centro de Parto Normal Dr. David Capistrano Filho, conhecido como Casa de Parto (programa do Ministério da Saúde) em uma casa na Comunidade, com toda a estrutura para realizar partos normais. Atualmente passou a ser a Casa da Saúde da Mulher da Área Continental que oferece todo o pré-natal.

RESTAURANTE BOM PRATO

Uma das preocupações da Irmã Maria Dolores sempre foi a situação de miséria e fome enfrentada pela população. Por isso se dedicou à implantação dos Restaurantes Populares Bom Prato, em parceria com o Governo do Estado de São Paulo.

Seu desejo era tão grande que, lutando por um, acabou conquistando dois: Bom Prato I, no Centro de São Vicente e Bom Prato II Nossa Senhora da Esperança, no núcleo das palafitas do Jardim Irmã Maria Dolores, próximo ao Jardim Rio Branco – o primeiro a ser implantado em um bairro de periferia, atendendo aos mais necessitados.

MORADIAS E RECURSOS PÚBLICOS

As habitações são precárias. São muitos os barracos de madeira reaproveitada, construídos em região de mangue. As ruas do interior não têm asfalto, o que dificulta o acesso e prejudica a coleta de lixo realizada três vezes por semana. Não há abastecimento de água para todos. A rede de esgoto não cobre o bairro. Os dejetos humanos são jogados nos rios que deságuam no estuário, aumentando a poluição ambiental.

Os recursos públicos existentes, apesar de ampliados nos últimos anos, são insuficientes para atender às necessidades da população: Centro Comunitário, Posto de Saúde, Sociedade de Melhoramentos, Creche Comunitária, EMEI Nossa Senhora da Esperança, EMEF Raul Rocha do Amaral, EMEF Prefeito José Meireles, Escola Profissionalizante Irmã Maria Dolores, Casa da Saúde da Mulher, Centro de Educação e Recreação (CER), os dois restaurantes, Posto de Correio e igrejas de vários credos religiosos

Fonte:vipinstitucional