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Mais um dia com a água batendo na canela em São Vicente

As enchentes constituem um grave problema, principalmente nos grandes centros urbanos e nas periferias de São Vicente. Geralmente, a causa está relacionada com o acumulo da água das chuvas e maré alta. Sem a existência de meios necessários para o seu escoamento. A ocupação desordenada de áreas impróprias sobre os mangues também é um fator agravante na vila mais antiga do Brasil. Ruas sujas, bueiros entupidos e canais alagados. Tudo isso se transforma num imenso problema coletivo onde todos acabam pagando um alto preço em dias de chuva. A falta da manutenção dos canais é uma reclamação constante dos vicentinos. Por outro lado a cidade vive um outro problema que é a falta de conscientização da própria população no descarte do lixo doméstico. A coleta seletiva não é efetiva na cidade e uma parte significativa do lixo acaba parando nos canais da cidade. A falta de consciência coletiva da população torna essa situação um jogo de isenção de responsabilidade, onde o cidadão culpa única e exclusivamente a administração da cidade. “Já passou da hora de São Vicente, investir em coleta seletiva e na reeducação dos cidadãos vicentinos”. Diz a professora aposentada Raquel de Moraes, (62) moradora da Vila Margarida. A ex-professora estava indignada por ter que caminhar com a água batendo na canela na manhã do dia 21 de agosto.

ENTENDA

Muitos rios formam aquilo que chamamos de planícies de inundação. Esses cursos d’água dispõem de uma área nos limites de suas margens para as quais extravasam a sua vazão durante alguns períodos de fortes chuvas. O problema é que, graças à expansão urbana acelerada, algumas dessas áreas de inundação são erroneamente ocupadas, causando inundações que chegam a deixar bairros inteiros embaixo d’água. Em São Vicente parte do Mangue


Esquema ilustrando a origem natural das enchentes

Podemos perceber então que a questão das enchentes e inundações nos centros urbanos é um típico caso de uma manifestação natural que é intensificada pela ação humana e pela forma com que ocorre o processo de uso e ocupação do espaço geográfico. Em linhas gerais, o uso irregular do espaço das cidades, sobretudo nas margens dos cursos d’água, está relacionado com as administrações municipais e com a ineficácia ou inexistência de um Plano Diretor plenamente adequado a essas questões. A melhor medida a ser tomada, nesse tipo de caso, é a remoção das famílias dessa zona de risco e o direcionamento de suas moradias para outras localidades.

Além das causas naturais, a elevação do volume do leito dos rios pode ser intensificada por ações como a impermeabilização do solo. Após as precipitações, as águas podem seguir três direções principais: para cima (quando evaporam), para baixo (quando infiltram) e horizontalmente (escoamento superficial). Quando as chuvas são muito intensas e a umidade é elevada, praticamente não há evaporação e, com a impermeabilização dos solos (com asfaltos e calçadas), as enxurradas tendem a aumentar e intensificar o poder das enchentes.

O problema da pavimentação das ruas e a cimentação de quintais e calçadas poderia ser atenuado pela correta instalação de sistemas de drenagem, que são meios para ajudar a conter ou a escoar o curso das enxurradas por meio de “bocas de lobo”, “piscinões” ou dutos para levar o excesso de água para outra localidade. No entanto, quando esses sistemas são ineficientes e mal construídos – geralmente por falta, desvio ou superfaturamento da verba pública –, ocorrem graves problemas nas épocas de chuva.

Para piorar a situação, muitas vezes esses sistemas de drenagem são prejudicados pelo excesso de lixo descartado de maneira incorreta, poluindo as cidades e entupindo valas que teriam a função de acumular água em vez de resíduos sólidos. A consequência é a elevação do nível das águas além do esperado.

Portanto, o problema das enchentes precisa ser combatido antes mesmo do período de chuvas, com incentivos públicos que visem à promoção de sistemas eficientes de drenagem, a avaliação das zonas de risco nas proximidades de rios e a ampliação de programas de conscientização pública, a fim de diminuir o descarte irregular de lixo nas ruas das cidades.