O avanço da pandemia de Covid-19 fez com que capitais de todo o país adotassem novas medidas restritivas para tentar conter a disseminação do coronavírus.
Seja por meio de decisões próprias ou seguindo determinações dos governos estaduais, as prefeituras passaram a proibir a realização de missas e cultos, reduziram o período de abertura de lojas e adotaram toques de recolher.
As alterações mais recentes nos planos de combate ao novo coronavírus foram anunciadas em Belo Horizonte, Natal, Palmas, Porto Velho e Goiânia.
Na capital de Minas Gerais, após a identificação de três novas variantes em dois terços dos infectados, a prefeitura voltou a autorizar a abertura apenas para serviços considerados essenciais desde sábado (6).
Está suspenso o funcionamento de shoppings, centros comerciais e galerias (supermercados e farmácias nestes locais funcionam), lojas de vestuário, calçado, relojoaria, papelaria, cinema, teatros, academias, salões de beleza e clínicas de estética, entre outros. Bares e restaurantes só podem funcionar com retirada no local ou delivery.
A taxa de ocupação de leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva), que passou para 81%, e a infecção de oito crianças com idades entre dois meses e seis anos também pesaram na decisão.
“O perfil de contaminação mudou, e essa foi uma das razões que nos levaram a sugerir que a cidade fosse novamente fechada. Pedimos a todos que se isolem em casa”, disse o secretário municipal da Saúde, Jackson Machado.
No Nordeste, a Prefeitura de Natal publicou novo decreto na sexta (5) reduzindo em uma hora o funcionamento de restaurantes e bares –agora até as 21h. Shoppings podem abrir entre as 9h e as 20h. Praias estão fechadas nos fins de semana desde o fim de fevereiro.
A capital do Rio Grande do Norte não segue o decreto estadual, mas um plano próprio. Pela orientação do governo de Fátima Bezerra (RN), no estado há toque de recolher a partir das 20h em dias de semana e todo o dia aos domingos e feriados.
Já na região Norte, a Prefeitura de Palmas também endureceu no sábado as medidas restritivas, válidas até o dia 16. O decreto suspendeu o funcionamento inclusive de missas e cultos. Bares e restaurantes poderão atender apenas por meio de delivery.
Em todos os municípios de Rondônia, inclusive Porto Velho, entrou em vigor nesta segunda (8) decreto que instituiu toque de recolher das 21h às 6h durante a semana e em todo o fim de semana. Ao mesmo tempo, ele flexibiliza medidas de restrição ao comércio menos de uma semana após o fechamento de serviços não essenciais. As mudanças foram anunciadas pelo governador Marcos Rocha (sem partido) após reunião com empresários.
Em Goiás, no Centro-Oeste, começou a valer nesta segunda-feira (8) novo decreto válido por sete dias medidas para conter o avanço da Covid-19 na capital, Goiânia. Com 99% de ocupação em UTIs e 97% nas enfermarias da rede municipal, a prefeitura decidiu manter liberados só serviços ligados à saúde, supermercados, bancos e lotéricas, por exemplo.
Em outras capitais, medidas restritivas seguem em vigor. É o caso de Salvador e sua região metropolitana, onde só é permitido o funcionamento de atividades essenciais.
Em Aracaju, a abertura de atividades não essenciais é vetada das 22h às 5h até o próximo dia 21.
Fortaleza também adotou regras mais rígidas, com o funcionamento apenas de serviços essenciais independentemente do horário.
Em São Luís, o horário de funcionamento de estabelecimentos comerciais está limitado das 9h às 21h, inclusive aos fins de semana.
Além das medidas tomadas pelas capitais, governos estaduais no Nordeste também têm regras a serem seguidas como tentativa de conter o avanço da Covid-19.
Em Pernambuco, até o dia 17, decreto do governo estabelece proibição de funcionamento de atividades não essenciais das 20h às 5h nos dias de semana e de forma integral aos sábados e domingos. Praias, parques e clubes ficam fechados.
Alagoas retrocedeu para a fase amarela na sexta, com vigência de ao menos uma semana. Nesta fase, o horário de funcionamento de bares e restaurantes passa a ser das 6h às 23h.
O governo do Piauí restringiu atividades até o dia 15, proibindo a circulação de pessoas em espaços e vias públicas das 22h às 5h.
Na cidade do Rio de Janeiro, está proibido permanecer em espaços públicos, praças e ruas entre as 23h e as 5h, apesar de continuar permitida a circulação. Bares e restaurantes podem funcionar das 6h às 17h e as demais atividades comerciais, das 6h às 20h. Também foi suspenso qualquer tipo de evento e o comércio nas praias e na orla. As medidas valem até quinta-feira.
No Sul do país, que vive um cenário crítico, o governador de Santa Catarina, Carlos Moisés (PSL), deve se reunir com prefeitos nesta terça (9) para definir se prorroga as atuais medidas, que incluem fechamento do comércio e serviços aos finais de semana, ou se adota novas restrições.
No Rio Grande do Sul, o governador Eduardo Leite (PSDB) prorrogou as medidas restritivas da bandeira preta, de altíssimo risco para a pandemia, até o dia 21, e a suspensão das atividades não essenciais das 20h às 5h até o final do mês.
Além disso, na sexta ele anunciou a proibição de venda presencial de produtos não essenciais, como eletroeletrônicos.
Já o governador do Paraná, Ratinho Jr. (PSD), prorrogou o atual decreto que fechou todos os serviços não essenciais até quarta-feira (10) – a medida será mantida apenas nos finais de semana depois dessa data.
Mas enquanto há prefeituras e estados ampliando medidas contra a Covid-19, em Manaus, que sofreu o segundo colapso em janeiro, as restrições fazem caminho inverso. O governo ampliou o horário de funcionamento de academias e supermercados, permitiu a reabertura de salões de beleza e marinas em horários reduzidos e autorizou a reabertura de creches e escolas de educação infantil e o transporte intermunicipal de passageiros.
Para o epidemiologista e pesquisador da Fiocruz Amazônia Jesem Orellana, a reabertura é precoce e arriscada diante da falta de informações sobre a nova variante e pode refletir em um recrudescimento da pandemia no estado. “Sem falar no risco de Manaus virar um laboratório a céu aberto para o surgimento de novas mutações, mais transmissíveis, e que possam ameaçar inclusive o programa mundial de vacinação”, disse.
A Secretaria da Saúde justifica que a flexibilização foi baseada em indicadores que apontaram queda de 51% na média móvel de casos e de 49% na média de óbitos em Manaus nos 14 dias que antecederam a decisão.
Em Mato Grosso também houve mudanças nesse sentido: na última sexta o governo ampliou os horários de funcionamento de supermercados (sábados) e restaurantes (finais de semana). Antes liberados para funcionar das 5h às 12h, agora os supermercados poderão atender até as 19h, enquanto os restaurantes ganharam duas horas para operação (agora fecham às 14h).
Fonte: Folha Press