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Coronavírus mata mais PMs em março do que confrontos em 10 meses somados em SP

Fonte: ilustrativa

 Dez policiais militares da ativa morreram em decorrência do coronavírus no estado de São Paulo somente em março deste ano, recorde para um único mês desde o início da pandemia. Como comparação, é um número maior que o daqueles mortos em serviço, em confrontos, entre maio de 2020 e fevereiro último –foram nove mortos no período. Os dados são da própria corporação e foram obtidos pela reportagem via Lei de Acesso à Informação.

A curva de contaminação e morte dentro da Polícia Militar segue o padrão do restante da sociedade, com uma diminuição no número de casos entre setembro e novembro e um aumento significativo a partir de janeiro deste ano, com a explosão em março.

No mês passado, a corporação concedeu diariamente, em média, 143 afastamentos por causa da Covid-19 (4.418), com um PM morto a cada três dias por causa do coronavírus. No mês anterior, em fevereiro, foram duas mortes ao todo, com a concessão de 96 afastamentos a cada dia.

Se cada policial passou duas semanas afastado do serviço até não ter mais sintomas, a corporação ficou desfalcada de ao menos 2.000 PMs todos os dias, no mês passado, por causa do coronavírus. A Polícia Militar conta com cerca de 85 mil integrantes no estado de São Paulo.

Os policiais militares começaram a ser vacinados contra a Covid-19 no início deste mês. Em janeiro, reportagem do jornal Agora mostrou que parte dos PMs se negava a acreditar na letalidade do vírus e demonstrava não acreditar na eficácia da vacina, que estava prestes a ser liberada pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância).

Ao mesmo tempo, uma grande parcela da corporação se mostrava preocupada com a doença e ansiava pela imunização. Na ocasião, o então senador Major Olímpio (PSL), morto pelo coronavírus em março, criticou o fato de muitos policiais serem obrigados a fazer o “bico oficial”, se expondo ainda mais aos riscos.

Segundo os dados obtidos via Lei de Acesso à Informação, foram quase 38 mil afastamentos desde o início da pandemia, com 45 mortos na corporação até março.

Especialista diz que policiais se arriscam contra aglomerações Consultor em segurança pública e coronel da reserva da PM, José Vicente da Silva afirma que o policial militar fica vulnerável em muitas ações, apesar dos cuidados. “Não tem jeito. Os policiais estão sendo muito demandados para atuar em aglomerações. Vi uma conta com mais de 12 mil operações sendo realizadas pela PM”, diz.

Segundo o consultor, não deveria causar espanto o fato de PMs serem priorizados na vacinação contra a Covid-19. Silva cita, como exemplo, o fato de o pessoal do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) ter recebido a vacina antes de bombeiros do resgate, que prestam o mesmo serviço, mas são enquadrados como policiais militares. “Acho até que a vacina chegou um pouco tarde”, diz.

O coronel da reserva diz que é importante que o comando da corporação reforce sempre os pedidos de cuidado e forneça suprimentos necessários para a tropa, como álcool em gel e máscaras. Ele diz que o hospital da PM oferece uma boa retaguarda para os contaminados, em uma preparação que teve início logo no começo da pandemia. Também destaca a responsabilidade de cada policial com a sua própria saúde. “Às vezes, a pessoa toma cuidado no trabalho, mas relaxa ao chegar em casa”, explica.

OUTRO LADO
A SSP (Secretaria da Segurança Pública de São Paulo), sob a gestão de João Doria (PSDB) e responsável pela Polícia Militar, afirma que, desde o início da pandemia, tem adotado as medidas necessárias para garantir a proteção dos agentes, como aquisição e distribuição de EPI (Equipamentos de Proteção Individual), como máscaras, luvas, aventais descartáveis, álcool gel, face shield, além da higienização dos ambientes de trabalho, viaturas e laboratórios.

“Desde o último dia 5, os profissionais da ativa da Segurança Pública em todo o estão sendo imunizados contra a Covid-19. Até ontem (13), 87% desse público já havia sido vacinado”, diz, em nota.

Segundo a SSP, atualmente, o total de agentes afastados, nas três polícias, corresponde a 1,10% do efetivo em todo o estado. Para chegar a esse percentual, a secretaria leva em consideração apenas aqueles que estão afastados no dia citado. A secretaria afirma que todo policial com suspeita ou diagnóstico da Covid-19 foi ou está devidamente afastado, conforme orientações do Comitê de Contingência do Coronavírus. “A SSP acompanha o quadro clínico, fornecendo todo o suporte necessário para a recuperação de seus agentes.

Segundo a pasta, desde o início da pandemia, 107 policiais (incluindo civis e da polícia técnico-científica) morreram no estado de São Paulo vítimas da doença.

Fonte: Folha Press