As altas taxas de feminicídio no país trazem consigo um problema social menos óbvio do que a morte de mulheres: o abandono e o trauma vivido pelos filhos das vítimas.
No Amazonas, um grupo de defensoras públicas iniciou um projeto em 2018 para prestar assistência psicossocial e jurídica aos órfãos desse tipo de crime.
Os trabalhos começaram por iniciativa da defensora Caroline Braz, que na época, coordenava o Núcleo de Proteção e Defesa dos Direitos das Mulheres da Defensoria Pública do Estado do Amazonas. Ela percebeu que as crianças que perderam suas mães para o feminicídio, muitas vezes por ação do próprio pai, apresentavam fortes traumas psicológicos e desamparo familiar. Segundo Caroline Braz, não são raros os casos em que a criança testemunhou o crime.
Essa iniciativa do Amazonas foi contemplada em dezembro pelo Prêmio Innovare, que premia os melhores projetos de instituições jurídicas do país. Para Caroline Braz, esse reconhecimento traz visibilidade a essas crianças, que acabam sendo esquecidas. A promotora propõe a criação de um protocolo nacional para que as crianças sejam atendidas rapidamente nesses casos.
O feminicídio é a consequência mais trágica do machismo estrutural — que expõe muitas mulheres brasileiras a todo tipo de violência física e emocional por parte de seus parceiros e ex-parceiros. Esses comportamentos são crimes previstos na Lei Maria da Penha.
Para denunciar, basta ligar para o telefone 180. O serviço funciona 24 horas por dia, em todo o território nacional.
Fonte: Agência Brasil