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Bitucas de cigarro podem ser recicladas e virar celulose em Praia Grande, SP

Foto: Reprodução

A Prefeitura de Praia Grande, na Baixada Santista, pretende implantar a reciclagem de bitucas de cigarro. Os restos do fumo serão coletados e passarão por um processo de reciclagem. Eles virarão celulose, matéria-prima do papel, e serão destinados à instituições.

A cidade de Votorantim (SP) se tornou a primeira do Brasil a ter uma usina de reciclagem de bitucas de cigarro. O projeto 100% nacional, desenvolvido e patenteado pela Universidade Federal de Brasília e licenciada pela Poiato Recicla em 2014, transforma o material em papel. O município já tem inúmeras caixas coletoras dos resíduos, o que facilita o descarte ecologicamente correto das bitucas, e agora realiza o trabalho em outros municípios.

Em Praia Grande, a comerciante Christiane Arima, de 45 anos, desenvolveu uma bituqueira em um projeto universitário e encontrou a Poiato Recicla. Eles fizeram uma parceria para dar uma melhor destinação ao lixo tóxico em vários pontos da cidade e acionaram a prefeitura para viabilizar a ideia.

Como a administração municipal não tinha a verba necessária para o patrocínio, a Prefeitura de Praia Grande abriu um chamamento público. O objetivo é atrair investidores que custeiem as caixas coletoras, que posteriormente são encaminhadas à usina da Poiato, em Votorantim, para a transformação.

A empresa Poiato busca empresas interessadas em investir nas bituqueiras até o dia 18 de janeiro, quando o chamamento público se encerra. O contrato com a empresa que patrocinar a causa é de 12 meses, podendo ser renovado.

A Prefeitura de Praia Grande informou que o chamamento não envolve dinheiro público e deverá ser financiado 100% pela iniciativa privada. A empresa vencedora terá cinco dias úteis após a publicação do edital com o resultado para apresentar a empresa responsável pelo financiamento. A Secretaria de Meio Ambiente é a responsável pelo chamamento e acompanhamento da empresa vencedora.

Cada bituqueira custa em torno de R$ 250. Segundo Christiane, o ideal seria implementar aproximadamente 50 unidades espalhadas pela cidade. A comerciante contou que a Poiato ficará responsável pela instalação dos equipamentos e reciclagem.

Segundo a ela, 2.500 bitucas se transformam em 1 kg de massa celulósica. Apenas em 2023, a empresa recolheu mais de 15 milhões de bitucas de cigarro nas cidades onde já atua.

Como as bituqueiras serão instaladas em espaços públicos, o projeto precisou de autorização da Secretaria de Meio Ambiente. Christiane ressaltou que, apesar de ser um gesto muito nobre, recolher as bitucas das ruas sem a destinação adequada acaba sendo ineficaz. Apenas uma bituca libera cerca de 8 mil toxinas do cigarro.

“Não adianta limpar a área da praia e todo esse resíduo ir para o lixão. Isso não faz diferença nenhuma, até piora, porque concentra todas essas toxinas […] Aí que entra a gestão: retirar, fazer a conscientização para as pessoas olharem”. Os valores arrecadados também serão utilizados para material de divulgação e educação de moradores e turistas da cidade.

A Poiato doa a substância celulósica para instituições e Organizações Não Governamentais (ONGs). Em Praia Grande, parte será destinada a mulheres em vulnerabilidade do Núcleo de Assistência Social às Vítimas (Helpp) e à educação pública.

De acordo com o biólogo Andreth Oliveira, as bitucas são um sério problema para o meio ambiente e aos animais. Elas levam em média cinco anos para se decompor, pois são feitas de acetato de celulose, de difícil degradação.

Fonte: G1 Santos