bairro, por sua localização após a Ponte Pênsil, demonstra seu pioneirismo através das ruínas do Porto das Naus, considerado o mais antigo monumento histórico da região. Rico em belezas naturais, o bairro é quase uma ilha. Quem vê o Japuí a partir da área central do município de São Vicente, a primeira impressão que tem é de que se trata de um quadro com fundo verde (o Morro de Paranapuã e as centenas de árvores), pontilhado de casas em direção ao Mar Pequeno, que seria a moldura dessa obra-prima da natureza.
Antes da construção da Ponte Pênsil em 1914, para atingir o Japuí a travessia era feita em canoas. Mesmo assim, já funcionava no local um próspero vilarejo, em razão da existência de uma das mais famosas indústrias da época, o Curtume de São Vicente, que produzia o melhor couro do mundo.
Os viajantes em direção ao litoral também atravessavam seus animais (cavalos) em embarcações e, depois de descansar no Japuí, seguiam viagem.
No Japuí, a cerca de 300 metros da Ponte Pênsil, estão asa ruínas conhecidas como Porto das Naus, que alguns historiadores afirmam datarem dos primórdios da fundação do município vicentino, embora muitas sejam as controvérsias sobre o assunto.
Segundo o pesquisador frei Gaspar, em 1920 muitas pessoas ainda teimavam que todos os navios, antigamente, entravam pela barra com fundo para o Porto Tumiaru onde está a cabeceira da Ponte Pênsil, junto ao Morro dos Barbosas). À frente, no Porto das Naus, já em terra firme, podiam ser avistados os alicerces do trapiche alfandegário. Até hoje o Porto das Naus é conhecido como antigo ancoradouro das naus do tempo de Martim Afonso. Infelizmente, as ruínas estão sumindo, embora a área tenha sido tombada pelo Condephaat.
Do lado esquerdo, à entrada do Japuí, está a Avenida Saturnino de Brito, que leva a uma das praias mais bonitas da região: a de Paranapuã, ou Praia das Vacas. As casas nessa avenida terminam em direção às várias prainhas formadas por molhes, no Mar Pequeno, em frente à Praia de São Vicente.
Dr. Alberto Lopes dos Santos, advogado, ex-vereador (várias legislaturas), presidente da Câmara de São Vicente, aos 76 anos confessa sua grande paixão: o bairro do Japuí. Morando há 72 anos no mesmo local, em frente ao Porto das Naus, ali pertinho do curtume, o dr. Alberto afirma: “Aqui é o melhor lugar do mundo e pouca coisa mudou desde que vim para cá. Só o movimento dos carros alterou nossa rotina e naturalmente o loteamento da Avenida Saturnino de Brito há muitos anos. E um fato triste: o abandono, e quase que desaparecimento total, do ponto histórico mais antigo de que se tem conhecimento, que é o Porto das Naus”.
Conta o advogado, que nasceu em Santos, que seus pais (portugueses) mudaram para o Japuí logo depois da inauguração da Ponte Pênsil. “Era uma maravilha correr na ponte, onde a gente brincava apesar das perseguições do guardião. Meu pai abriu um bar na Avenida Tupiniquins e, ao lado, construiu um caramanchão. Ali, todas as noites, os trabalhadores do curtume iam jogar conversa fora.
“A população era pequena e a Avenida Saturnino de Brito era apenas o ponto de ligação com a prainha (Paranapuã). Quando moço. integrei a primeira equipe de pingue-pongue do Esporte Clube Beira-Mar, cuja sede fica no centro da cidade. Sempre andei a pé e, às vezes, voltava do clube, bem como da Câmara, lá pela meia-noite. Apesar das histórias de assombração, o Japuí nunca me pregou um susto”.
Fonte: Baixada na Rede