O feriado de Natal foi de movimento nas cidades da Baixada Santista. Mesmo com as medidas de contenção adotadas pelas prefeituras, como barreiras sanitárias para orientação e aferição de temperatura em pessoas que chegavam ao litoral, muitos turistas e moradores ocuparam calçadões e restaurantes. Na Praia de Pitangueiras, em Guarujá, a faixa de areia foi tomada por guarda-sóis.
Segundo a prefeitura da cidade, houve orientação para que fossem evitadas aglomerações, com pelo menos 400 abordagens de fiscais na manhã desta sexta-feira, 25. “A equipe tem atuado principalmente junto a condomínios e ambulantes, que estão com limitações para a disponibilização de guarda-sóis e cadeiras”, afirmou o diretor municipal de Operações Especiais e Fiscalização de Taxas, Ricardo Tobar.
“O clima é pacífico e a previsão é de que se mantenha assim até o domingo, em razão do trabalho de conscientização feito pela prefeitura, com a divulgação de campanhas educativas e barreiras sanitárias nas principais entradas da cidade, além da intensificação das barreiras destinadas a coibir a entrada de ônibus e vans turísticos, que está vedada desde o início de dezembro. Isso tem ajudado a controlar a vinda do turista de um dia, por exemplo”, explicou Tobar.
Em Santos, a circulação era maior nos calçadões, principalmente de esportistas praticando atividade física ou familiares caminhando pela orla da praia. O pouco movimento na praia atingiu diretamente os comerciantes, que lamentaram a situação.
“Fomos muito prejudicados devido ao governador ter colocado a região na fase vermelha. O movimento está muito baixo para todos os comerciantes devido a esta situação que estamos enfrentando”, disse Roberto Dias, 47 anos, que trabalha com um carrinho de bebidas. O vendedor de milho, Essivaldo Silva, 55 anos, disse que mesmo com o mau tempo, a situação poderia ser outra. “Era para a praia estar lotada, como todo ano. Mesmo chovendo, costuma ter gente na praia, então é difícil”.
Na terça-feira, 23, a gestão João Doria (PSDB) determinou que todo o Estado de São Paulo fique na fase vermelha, a mais restritiva, nos dias 25, 26 e 27 de dezembro e 1º, 2 e 3 de janeiro. O anúncio ocorreu após uma alta no número de casos e mortes por coronavírus em cidades paulistas. Nesse estágio, podem funcionar apenas serviços essenciais.
Contrariando o governo do Estado, o Conselho de Desenvolvimento da Baixada Santista (Condesb) decidiu em reunião manter a região na fase amarela, sob justificativa da falta de tempo para as prefeituras adequarem equipes e estruturas ao cumprimento de regras mais rígidas. Com a resolução, lojas, bares e restaurantes foram liberados a abrir. Em contrapartida, as prefeituras se comprometeram a fechar o acesso às praias na virada do ano-novo.
“Essas medidas foram comunicadas sem que houvesse possibilidade de planejamento para a administração pública preparar a fiscalização. Precisamos de organização, o que seria impossível nesse tempo tão curto. Assim, a capacidade de fiscalização dos municípios fica comprometida”, disse o prefeito de Santos e presidente do Condesb, Paulo Alexandre Barbosa, PSDB.
Em nota, o governo do Estado informou que os decretos e ações municipais precisam observar a classificação dada pelo Plano São Paulo, que se baseia no panorama da evolução da doença e capacidade hospitalar dos Departamentos Regionais de Saúde (DRS) O Plano SP estabelece regra comum para os 645 municípios paulistas, com base em critérios científicos e de saúde.
No texto, a gestão estadual reforçou que a fiscalização de estabelecimentos comerciais, assim como de praias e demais espaços turísticos municipais, é de responsabilidade das prefeituras. O governo também confirmou o apoio aos municípios da Baixada Santista para ações conjuntas sobre a importância do distanciamento social, uso obrigatório de máscaras e evitar aglomerações para conter o contágio do coronavírus.
Estadão Conteúdo