Início Baixada Santista Os riscos permanecem em morros na Baixada Santista

Os riscos permanecem em morros na Baixada Santista

Ronaldo Barreto / Folhapress

Um ano após a maior tragédia causada pelas chuvas na Baixada Santista, que resultou na morte de 45 pessoas por causa dos deslizamentos de terra, pouco mudou. O risco permanece enquanto as obras não são concluídas.

O Governo Federal disponibilizou mais de R$ 16 milhões para a limpeza e remoção de material proveniente de deslizamentos das encostas nos morros da Barreira do João Guarda, Macaco Molhado, Engenho/Cachoeira e Vila Baiana, todos em Guarujá.

As obras tiveram início em 31 de agosto de 2020, enquanto o término está previsto para 30 de agosto deste ano. Porém, a situação ainda é muito preocupante.

No morro da Barreira do João Guarda, 23 pessoas morreram durante as chuvas torrenciais Aliás, os moradores aprenderam a conviver com a dor dos que partiram, viram obras começarem e passaram a ter esperança de dias melhores. Porém, eles ainda não chegaram.

A universitária Maria Gomes relata que os moradores da comunidade fizeram um abaixo assinado à prefeitura de Guarujá e pedidos à Defesa Civil. “Nós fomos atrás dos nossos direitos, mas dá a entender que pobre nunca tem vez. Infelizmente é essa sensação que eu tenho. A partir do momento em que uma comunidade inteira se junta para ir atrás daquilo a que temos direito e o poder público não faz nada, é deixar claro que o povo humilde é sempre esquecido”.

Já no morro do Macaco Molhado, dez pessoas morreram. O Governo do Estado realiza obras de contenção no valor de R$ 25 milhões.

Os moradores, que sofreram essa situação, não conseguem esquecer da noite em que tudo aconteceu. Segundo Laércio Silva, morador da comunidade, as pessoas estão traumatizadas e sem coragem de retornar ao morro.

Foram mais de 12 horas de chuva forte que provocaram vários pontos de deslizamentos. Um deles foi no morro da Nova Cintra, em Santos, onde oito pessoas morreram. Um ano depois, as marcas daquele dia ainda continuam visíveis para vários moradores. O sentimento é de medo em ter outras chuvas e acúmulo de água na terra.

Três pessoas morreram em São Vicente, duas delas moravam no morro Parque Prainha. O Governo Federal disponibilizou verba no valor de R$ 7,5 milhões em obras de contenção. As obras devem ser finalizadas nos próximos meses, também no morro dos Barbosas.

“É nítido a falta de política pública para assessorar esses casos, é um descaso. Infelizmente quem acaba sofrendo somos nós moradores e depois de um ano não temos ninguém do poder público para reparar o que as chuvas causaram na comunidade”, diz o educador ambiental, Daniel Frank, que conhecia as vítimas.

Fonte: Santa Portal