O submarino da Indonésia que estava desaparecido há quatro dias foi encontrado neste domingo (25) no Mar de Bali, dividido em pelo menos três partes e com todos os seus 53 tripulantes mortos.
De acordo com o anúncio feito por oficiais do Exército e da Marinha da Indonésia, as equipes de resgate encontraram novos objetos, incluindo um colete salva-vidas, que acreditam estar relacionados ao KRI Nanggala-402.
“Com base nas evidências, pode-se afirmar que o KRI Nanggala afundou e todos os seus tripulantes morreram”, disse o marechal Hadi Tjahjanto durante uma entrevista coletiva.
Yudo Margono, chefe do Estado-Maior da Marinha, explicou que o submarino é dividido em três partes: o casco, a popa e a parte principal. Segundo ele, o KRI Nanggala-402 foi encontrado com essas partes separadas, o que pode ter sido resultado do fato de o submarino ter sido esmagado pela pressão da água devido à profundidade maior do que ele poderia suportar.
Segundo Margono, uma varredura feita por meio de um sonar detectou um objeto semelhante à embarcação a 850 metros de profundidade -o KRI Nanggala-402 é capaz de descer a cerca de 250 metros.
Joko Widodo, presidente da Indonésia, confirmou o resultado dos esforços das equipes de busca e enviou condolências aos familiares das vítimas, a quem descreveu como “os melhores patriotas”. “Todos nós, indonésios, expressamos nossa profunda tristeza por essa tragédia, especialmente às famílias da tripulação do submarino”, disse.
No sábado (24), foram encontrados objetos e destroços relacionados ao KRI Nanggala, o que levou a Marinha a acreditar que o submarino havia rachado e a mudar o status de “desaparecido” para “naufragado”.
Vários países ofereceram ajuda à Indonésia enviando aviões, helicópteros e navios para auxiliar as equipes de busca, como Estados Unidos, Austrália, Índia, França, Alemanha, Malásia e Singapura.
No entanto, as esperanças de encontrar sobreviventes do naufrágio eram consideradas mínimas devido às estimativas das autoridades de que as reservas de oxigênio teriam se esgotado já na sexta-feira (23).
As autoridades ainda não deram uma explicação oficial para o acidente, mas afirmam que o submarino pode ter sofrido uma grande avaria elétrica que impediu a tripulação de retornar à superfície.
Acidentes com submarinos, um dos mais complexos tipos de embarcação à disposição das Marinhas, não são raros. Em 2017, a Argentina perdeu o ARA San Juan, que afundou após uma explosão interna não explicada até hoje. Caso mais clássico ainda é o do Kursk, submarino nuclear russo que afundou depois de uma explosão no compartimento de torpedos em 2000, no alvorecer da era Vladimir Putin no poder.
O KRI Nanggala-402 foi construído na Alemanha em 1978, de acordo com um site do governo, e modificações posteriores foram feitas para modernizá-lo. É um submarino movido a diesel.
A embarcação pertence à classe Cakra, uma das inúmeras variantes da bem-sucedida linha de embarcações para exportação IKL-209. Há outro desses em operação na Marinha indonésia e mais dois de um modelo mais moderno feito sob licença na Coreia do Sul, a classe Jang Bogo – chamada de Nagapasa por Jacarta. Há mais três embarcações do tipo em construção.
O Brasil opera cinco embarcações da linha 209, quatro da classe Tupi e uma da Tikuna. Desde 2009, trocou de parceiro e está construindo quatro submarinos franceses Scorpène. Sua versão brasileira, maior e modificada, é a classe Riachuelo, e há dois deles no mar hoje –um em fase avançada de testes, outro recém-lançado.
O Nanggala havia sido modernizado na Coreia do Sul, parceira militar da Indonésia, em 2012. Mas sua provável perda é mais um sinal das dificuldades pelas quais passam as Forças Armadas do país.
Situada no centro das rotas marítimas contestadas por China e pelos EUA e seus aliados, a Indonésia é estrategicamente vital em qualquer configuração política no Indo-Pacífico.
Em 2019, o presidente Joko Widodo buscou avançar o programa de modernização bélica ao colocar um ex-rival, o general Prawobo Subianto, como ministro da Defesa. Na avaliação do Instituto Internacional de Estudos Estratégicos, entidade britânica que é referência na área, até aqui o esforço tem sido lento.
“Este pode ser um ponto de aprendizagem para o governo avançar sua tecnologia militar e ter cuidado em como usar sua tecnologia existente porque a vida de seu povo está em jogo”, disse Hein Ferdy Sentoso, 29, morador de Banyuwangi, no leste de Java. A população da cidade, que abriga a base naval de onde as operações de busca e resgate estão sendo conduzidas, aderiu aos apelos nacionais para acelerar a modernização das forças de defesa da Indonésia.
Fonte: Diário do Litoral