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Equipe médica opera feto de seis meses ainda no útero da mãe em São Vicente, SP

Foto: Prefeitura de São Vicente/Divulgação

Uma equipe médica realizou a primeira cirurgia intrauterina de São Vicente, na Baixada Santista em um feto de seis meses ainda no útero da mãe, de 31 anos. O procedimento foi realizado para corrigir uma meningomielocele, mais conhecida como ‘espinha bífida’, malformação no sistema nervoso central que pode causar paralisia e outras sequelas.

Segundo o médico Maurício Saito, que conduziu o procedimento e é referência em correção de meningomielocele de forma intrauterina, a malformação costuma aparecer de forma aleatória. No caso da mãe submetida à cirurgia, a abordagem foi um sucesso e a gestante ficou sob observação no Hospital Vicentino.

Na prática, a coluna vertebral do bebê fica aberta, o que deixa os nervos expostos e, consequentemente, as funções são comprometidas. A cirurgia serve para fechar a coluna e permitir que o bebê complete o desenvolvimento dentro no útero.

A condição pode ser diagnosticada desde o primeiro ultrassom morfológico [exame detalhado do feto], mas as consequências dependem da posição da lesão. De acordo com o especialista, no bebê operado em São Vicente ela ocorreu na região lombossacral – perto da última vértebra da coluna lombar.

“Como ela é responsável pela enervação dos membros inferiores, [caso não haja a correção] há grande chance de o bebê apresentar paralisia desses membros, não ter a movimentação da perna e dos pés, não conseguir urinar, não evacuar”, explicou

A equipe de Saito atua em São Paulo, mas desceu a serra para realizar a correção da meningomielocele intrauterina, procedimento minimamente invasivo. Participaram nove cirurgiões, uma dupla de anestesistas e a equipe de sala coordenada por uma enfermeira.

Com mais de 30 anos de carreira, o médico explicou que o procedimento consistiu em fazer três punções no abdômen com dispositivos pontiagudos chamados trocaters, permitindo o acesso do cirurgião com pequenas câmeras para visualizar o bebê e fechar a coluna.

Segundo o médico, a equipe avalia o sucesso da operação a partir de duas condições: a primeira é a técnica do procedimento em si, que considerou satisfatória nesse caso. A segunda, por sua vez, depende da evolução da gravidez e se a criança nascerá prematura.

Na maioria dos casos, as lesões já chegam bem avançadas, por isso a importância de se agir com antecedência. Além das paralisias, outra possível sequela da malformação é a hidrocefalia – acúmulo anormal de líquido cerebrospinal dentro do cérebro – em decorrência da abertura da coluna e consequente vazamento de líquido cerebral.

Fonte: G1 Santos