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“Não podemos contar os mortos, porque os bombardeios não param”, diz prefeito ucraniano

Ucranianos tentando chegar a fronteira com Polônia

Os Estados Unidos identificaram relatos muito confiáveis de ataques deliberados a civis na Ucrânia, disse o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, no domingo (6), acrescentando que Washington está documentando esses episódios para apoiar potencial investigação de crimes de guerra nas ações da Rússia.
“Vimos relatos muito confiáveis de ataques deliberados a civis que constituem crimes de guerra”, disse Blinken à CNN. “Vimos relatos muito confiáveis sobre o uso de certas armas”.
“O que estamos fazendo agora é documentar tudo, olhar para isso e garantir que, à medida que as pessoas e as organizações e instituições apropriadas investiguem se crimes de guerra foram ou estão sendo cometidos, podemos apoiar”, acrescentou Blinken.
Na sexta-feira, depois que as forças de invasão russas tomaram a maior usina nuclear da Europa em intensos combates no sudeste da Ucrânia, a embaixada dos EUA no país fez uma postagem em uma rede social afirmando que atacar uma usina nuclear é um crime de guerra.
De acordo com a CNN, o Departamento de Estado teria enviado uma mensagem a todas as embaixadas dos EUA na Europa orientando a não compartilhar a mensagem da rede social postada pela embaixada de Kiev, e que a mesma teria sido revisada.

“Eles estão nos destruindo”, disse o prefeito de Mariupol, Vadym Boychenko, à Reuters em uma videochamada, descrevendo a situação da cidade de 400 mil habitantes. “Eles nem nos dão a oportunidade de contar os feridos e mortos porque o bombardeio não para.”

Civis ucranianos após bombardeio russo


A maioria dorme em abrigos antiaéreos para escapar de dias de bombardeios quase constantes das forças russas e que causaram o corte do fornecimento de alimentos, água, energia e aquecimento, segundo as autoridades ucranianas.
“Eles estão trabalhando metodicamente para garantir que a cidade seja bloqueada”, disse Boichenko, de 44 anos, do porão onde sua equipe está temporariamente abrigada e cuja iluminação fraca é feita por um gerador.
A Rússia, que nega atacar áreas civis, enviou tropas e equipamentos para a Ucrânia. Um enorme comboio russo em uma estrada ao norte de Kiev fez progressos limitados nos últimos dias, embora o Ministério da Defesa da Rússia tenha divulgado imagens no domingo mostrando alguns veículos militares rastreados em movimento.
Na capital, soldados ucranianos reforçaram as defesas cavando trincheiras, bloqueando estradas e fazendo contato com unidades de defesa civil enquanto as forças russas bombardeavam áreas próximas.
“As posições estão preparadas, nós as equipamos e estamos simplesmente esperando para encontrá-las aqui”, disse um soldado em um vídeo divulgado pelas Forças Armadas da Ucrânia. “A vitória será nossa.”
O presidente ucraniano Volodymyr Zelenskiy disse que foguetes russos destruíram o aeroporto civil da capital da região centro-oeste de Vinnytsia no domingo. Ele também disse que a Rússia estava se preparando para bombardear outra cidade do sul, Odessa.

“Foguetes contra Odessa? Isso será um crime de guerra”, disse ele.
A Organização Mundial da Saúde disse que houve vários ataques a instalações de saúde ucranianas durante o conflito. Os ataques causaram mortes e feridos, disse o chefe da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, em uma mensagem no Twitter, mas não deu detalhes.
“Ataques a instalações de saúde ou trabalhadores violam a neutralidade médica e são violações do direito internacional humanitário”, disse ele.
ACUSAÇÕES
Separatistas pró-Rússia e a Guarda Nacional da Ucrânia acusaram-se mutuamente de não estabelecer um corredor humanitário fora da cidade ucraniana de Mariupol no domingo, na segunda tentativa de organizar a saída de civis.
Um combatente do Regimento Azov da Guarda Nacional disse na rede de televisão Ukraine 24 informando que as forças russas e pró-russas que cercaram a cidade portuária de cerca de 400.000 habitantes continuam bombardeando áreas que deveriam estar seguras.
Um funcionário do governo separatista de Donetsk teria acusado as forças ucranianas de não atender ao cessar-fogo, segundo a agência de notícias Interfax.
A autoridade separatista disse que apenas cerca de 300 pessoas deixaram a cidade. Autoridades ucranianas disseram anteriormente que planejavam evacuar mais de 200.000 pessoas de Mariupol.

CESSAR-FOGO
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, disse no domingo que sua campanha na Ucrânia está indo de acordo com o planejado e não terminará até que Kiev pare de lutar, enquanto os esforços para evacuar a cidade fortemente bombardeada de Mariupol falharam pelo segundo dia consecutivo.
O presidente russo fez os comentários em um telefonema com o presidente turco Tayyip Erdogan, que pediu um cessar-fogo no conflito que, segundo a ONU, criou a crise de refugiados que mais cresce na Europa desde a Segunda Guerra Mundial.
A mídia russa disse que Putin também manteve quase duas horas de conversas no domingo com o presidente francês Emmanuel Macron, mas, como em outros esforços internacionais, ele ainda não convenceu Moscou a cancelar a campanha, agora no 11º dia.
Mas o plano de cessar-fogo fracassou, como aconteceu no sábado, com cada lado culpando o outro pelo fracasso.
Kiev renovou seu apelo ao Ocidente para endurecer as sanções além dos esforços existentes que atingiram a economia da Rússia. Também solicitou mais armas, incluindo um pedido de aviões fabricados na Rússia, para ajudar a repelir as forças russas.
O secretário de Estado dos EUA, Anthony Blinken, disse que Washington está considerando como poderia abastecer aeronaves para a Polônia, se Varsóvia decidisse fornecer seus aviões de guerra para a Ucrânia, falando em uma viagem à vizinha Moldávia.

PRISÃO DE MANIFESTANTES 
A polícia russa deteve mais de 4.300 pessoas no domingo em protestos em todo país contra a invasão da Ucrânia pelo presidente Vladimir Putin, de acordo com um grupo independente de monitoramento.
Milhares de manifestantes gritavam “Não à guerra!”, segundo vídeos postados nas redes sociais por ativistas e blogueiros da oposição.
A Reuters não conseguiu verificar de forma independente as imagens e fotografias nas redes sociais. O Ministério do Interior da Rússia disse anteriormente que a polícia havia detido cerca de 3.500 pessoas, incluindo 1.700 em Moscou, 750 em São Petersburgo e 1.061 em outras cidades.
O Ministério do Interior informou que 5.200 pessoas participaram dos protestos. O grupo de monitoramento de protestos OVD-Info teria documentado a detenção de, pelo menos, 4.366 pessoas em 56 diferentes cidades.
“Os parafusos estão sendo totalmente apertados, estamos testemunhando a censura militar”, disse Maria Kuznetsova, porta-voz da OVD-Info, por telefone de Tbilisi.

Fonte: Reuters