O falso médico que trabalhava na rodovia Presidente Dutra, a mais movimentada do País, também tinha outros personagens no currículo, como falso namorado e falso pastor. O caso de Gerson Lavisio, de 32 anos, foi descoberto após colegas suspeitarem da falta de habilidade dele nos atendimentos. Em um dos acidentes em que atuou, o farsante chegou a ordenar a amputação de uma vítima de trânsito, ainda na estrada, no interior de São Paulo.
Segundo reportagem do Fantástico, o criminoso usava um CRM de um médico já falecido e apresentava um diploma fraudado.
“A conduta que ele tomava não era de um médico. Por exemplo, quando é problema de coluna, a gente tem que aplicar um analgésico ou até mesmo um remédio via oral, mas o que ele fez? Ele aplicou um calmante 10mg na veia. O usuário ficou desfalecido já, não estava nem andando mais. E também teve um paciente que precisou ser suturado. Ele fez a sutura, mas os pontos que ele fez estavam todos irregulares, ele não conseguia fazer o laço do ponto. E fez tudo errado”, relatou uma testemunha.
Essa não foi a primeira vez, no entanto, que Gerson praticou a medicina de forma ilegal. Nos últimos quatro meses, ele foi contratado por três empresas diferentes da área da saúde. Ele chegou a trabalhar até mesmo em um posto de saúde em Parelheiros (SP), onde atendeu 18 pacientes no ano passado. Na ocasião, ele usou o registro de outro médico que ainda atua na profissão. Ao ser denunciado, ele foi preso e liberado; dessa forma, ele conseguiu seguir com a farsa.
Além de se passar por médico, Gerson tinha ainda outra profissão falsa: a de pastor. De acordo com a reportagem, o criminoso atraia fieis em igrejas e pedia contribuições para viagens missionárias que, segundo o Fantástico, nunca ocorreram.
Gerson também enganava mulheres e mantinha relacionamentos falsos, alegando que queria casar e constituir uma família com elas. Uma das vítimas, Regiane Arabi, relatou que descobriu que seu suposto namorado tinha outra companheira e decidiu entrar em contato com ela. A vítima descobriu, então, que Gerson enviava mensagens muito parecidas com as quais recebia, prometendo uma relação séria, para a outra mulher.
Em nota, a CCR Rio-SP, concessionária responsável pela administração da via, nega que uma amputação tenha sido feita na estrada.
“A vítima teve o pé esquerdo lacerado e esmagado na batida e, após o desencarceramento realizado com apoio de equipe do Corpo de Bombeiros, foi encaminhada com os membros inferiores à Santa Casa de Lorena. O paciente deu entrada no hospital com os membros inferiores visíveis. E, após avaliação multiprofissional, foi encaminhado para o Centro Cirúrgico para um procedimento de emergência.”
A decisão da cirurgia, segundo a CCR, ocorreu após a entrada no hospital. “Não houve qualquer procedimento de amputação no local do acidente seja pelo falso médico ou qualquer outro profissional envolvido na ocorrência”, reiterou a nota.
Fonte: Terra