A família de um adolescente, de 15 anos, acusa policiais militares de terem raspado a cabeça do menor de idade dentro da própria casa, no Dique do Caixetas, em São Vicente, na Baixada Santista. A família conta que tem medo de registrar a ocorrência.
A irmã e mãe da vítima se sentem inseguras morando em uma comunidade durante a 3ª Fase da Operação Verão, deflagrada após o assassinato do PM da Rota Samuel Cosmo, baleado no rosto, e que soma 27 suspeitos mortos.
No momento da abordagem, cinco menores de idade e um rapaz de 18 anos estavam no local. A irmã da vítima, de 24, havia ido ao mercado quando, segundo ela, os policiais entraram no imóvel. A mulher contou que a mãe ligou avisando o que estava acontecendo e ela retornou imediatamente.
“Os policiais estavam com a porta trancada. Empurrei perguntando o que estava acontecendo e perguntaram quem eu era, meu nome, idade e se trabalho”, contou ela.
Em seguida, outro policial falou para deixarem ela entrar para que contasse o que sabia. Segundo a mulher, os agentes queriam que ela confirmasse que o adolescente já havia sido preso, mas, como isso não aconteceu, ela negou e eles deixaram o local.
Ela então viu o irmão com a cabeça raspada e sangrando e, ao questioná-lo, ele disse que os policiais tinham feito aquilo. “O medo de ir atrás deles [PMs] e falar alguma coisa é maior ainda né? […] Eles acham que todo mundo que mora na favela é bandido, traficante, mas não é”.
Segundo a mulher, após ter sido agredido pelos policiais, na última quinta-feira (15), o irmão abrigou-se na casa de outro parente e não tem ido à escola por medo.
“É uma opção de vida que a gente tem. É o que a gente pode bancar. Não é porque a gente gosta de ficar ali naquele meio e confusão. […] As crianças ficaram se tremendo, com medo, todo mundo chorando sem entender porque tinha acontecido aquilo”, afirmou.
Ela contou que não registraram boletim de ocorrência por medo. “Espero que essa operação termine, porque está acabando com a vida de todo mundo. Ao invés de correrem atrás dos bandidos, que fazem coisa errada com eles, estão matando muita gente inocente e trabalhadora”.
A mãe falou que se sente insegura em sair para trabalhar como auxiliar de limpeza e deixar os filhos em casa. “Nem trabalhar em paz a gente pode mais. A qualquer momento eles podem entrar na minha casa e fazer o que quiserem”.
Em nota, a SSP-SP informou que, até o momento, não houve qualquer denúncia sobre o fato, e que a Corregedoria da Polícia Militar está disponível para receber denúncias sobre a atuação policial.
Fonte: G1 Santos