A Polícia Federal (PF) informou, que os peritos encontraram 27 celulares no barco que estava à deriva com corpos no litoral do nordeste do Pará.
Os aparelhos coletados em Belém foram encaminhados, para exames periciais no Instituto Nacional de Criminalística em Brasília (DF).
As possíveis informações extraídas dos celulares, dos chips e cartões de memória, em conjunto com ações de cooperação internacional, serão utilizadas para trazer indicativos sobre a identidade dos ocupantes da embarcação.
Segundo a corporação, os agentes federais e a Polícia Científica do Pará realizaram os exames dos oito corpos retirados do barco e do nono, encontrado próximo, a partir dos protocolos internacionais de Identificação de Vítimas de Desastres (DVI).
De acordo com a PF, os exames envolveram mais de 30 pessoas em trabalho multidisciplinar e seguiram a sequência:
- exame radiológico;
- exame de vestes, pertences, documentos e adereços;
- exame médico-legal, com coleta de material para exames de DNA e de isótopos estáveis;
- exame odontolegal;
- exame necropapiloscópico
- e estação de verificação de documentos e controle de qualidade.
Os nove corpos serão temporariamente sepultados em Belém, até que as identidades sejam estabelecidas e as famílias das vítimas possam ser formalmente comunicadas, por meio dos devidos canais de cooperação policial e jurídica internacionais.
Um caminhão frigorífico realizou o transporte dos corpos até Belém no Instituto Médico Legal para realização da perícia. A PF não informou previsão, nem detalhes sobre o sepultamento temporário.
Os dados colhidos durante os exames realizados foram enviados para continuar o processo de identificação em Brasília (DF), pelo Instituto Nacional de Criminalística e Instituto Nacional de Identificação da PF, com apoio da Interpol e organismos internacionais, segundo a Polícia Federal.
Não foi possível estimar o prazo para identificação dos nove corpos, porque, segundo a corporação, não existem dados técnicos estruturados acerca dos milhares de desaparecidos, vindos de países africanos, durante migrações.
Documentos encontrados na embarcação apontam que a possível origem das vítimas era Mali e Mauritânia, países do oeste da África. A suspeita é que ao menos 25 pessoas estavam no barco, já que, além de 27 celulares, 25 capas de chuva foram encontradas no transporte.
O barco também passa por perícia detalhada feita pela Marinha, que não detalhou previsão para concluir os trabalhos.
No entanto, a Marinha informou que o barco é de fibra de vidro na parte exterma e que foi encontrado sem motores, sem leme ou quaisquer sistemas de propulsão e direção. Além disso, não apresenta sinais de danos estruturais, o que indica não ter passado por naufrágio.
“É uma embarcação aparentemente artesanal, devido ao material com que ela é feita”, informou o capitão dos Portos da Amazônia Oriental, Ewerton Calfa.
Fonte: G1