O agente de saúde aposentado David Soares de Abreu, 67, desapareceu há cerca de um mês em Mongaguá, no litoral sul paulista. Os quatro filhos, que moram em São Paulo, registraram boletim de ocorrência na delegacia sede do município após encontrarem outra pessoa morando em sua residência, localizada no bairro Jardim Praia Grande.
O imóvel havia sido vendido, sem o conhecimento da família, dias antes de David Soares sumir e, posteriormente, alugado para uma outra inquilina. O caso é investigado pela Polícia Civil.
“Estamos buscando explicações. Fomos ao cartório [1º Tabelionato de Notas e de Protestos de Letras e Títulos de Mongaguá], onde supostamente registrou a venda do imóvel, para verificar se havia o registro dele no local, mas não há câmeras de segurança”, disse à reportagem uma das filhas, Lívia Oliveira de Abreu, 32, assistente administrativa.
“Eles [no Cartório] alegaram que havia uma assinatura dele, registrada em 1995, e que fizeram o reconhecimento de firma por semelhança. O valor da compra foi pago em espécie”, acrescentou.
A família desconfia das informações pelo fato de que o pai havia sofrido um AVC em 2018 e apresentava dificuldades para se locomover e, principalmente, para escrever. Além disso, apesar de morar havia 20 anos sozinho no município, mantinha contatos frequentes com a família em São Paulo, além de fazer visitas periódicas.
“Ele não estava abandonado, pelo contrário, éramos muito próximos. Ainda tinha um ótimo relacionamento com a minha mãe. Como teve um AVC e não respondia as nossas mensagens, pedimos para um primo ir até a casa dele verificar. Ele foi informado de que a casa havia sido vendida”, conta a filha.
Lívia diz que a história apresenta uma série contradições. Causa estranheza, por exemplo, o fato de que David Soares ainda seja legalmente casado com a ex-esposa, mãe dos quatro filhos, o que, segundo eles, inviabilizaria a concretização do negócio.
“A proprietária falou que ele queria só R$ 30 mil, sendo que a casa vale, pelo, menos R$ 85 mil. Também conta que o valor foi pago em espécie para que pudesse ir para o Rio de Janeiro, que a ex-mulher estava morrendo. Ele tem família, mas não a ex-mulher lá. Não tem nenhum comprovante, nada que nos ajude”, explica.
O contrato de compra e venda do imóvel foi registrado em 19 de março de 2021. A compradora, a autônoma Aline Cristina Cardoso, 31, afirmou em entrevista à TV Record ter ido ao local acompanhada de David.
Há quase um mês a família publica nas redes sociais informações sobre o sumiço.
“Continua desaparecido, prestes a completar um mês do seu sumiço. O coração aperta por não saber o que aconteceu, ou o que está acontecendo, se está bem ou precisando de ajuda”, disse uma das postagens mais recentes.
A maior parte dos pertences de David foi jogado fora por uma das pessoas que morou na casa no último mês. Entre eles, segundo a filha, um par de óculos.
A família ainda diz que recebeu ligações dizendo que o pai foi visto em mais de um município do litoral, mas em nenhum dos casos houve confirmações.
Fonte: Folha Press