As tentativas de fraude subiram 53,6% em 2020 em relação a 2019, apontou o último Mapa da Fraude, divulgado pela ClearSale nesta segunda-feira (8). O aumento veio na esteira do isolamento social diante da pandemia de coronavírus e da consequente migração aos canais digitais.
Foram consideradas como fraudes pela companhia todas as transações que, por algum motivo, foram classificadas como suspeitas, ou seja, que fugiam do padrão das operações feitas normalmente pelo consumidor –que tinham valores altos demais, localização diferente, entre outros.
As fraudes consideradas foram, em sua maioria, com base em transações feitas com o cartão de crédito. Essas informações podem ter chegado às mãos do criminoso por meio de roubo, furto ou mesmo por engenharia social –quando o fraudador se faz passar por funcionário de uma empresa conhecida e manipula a vítima para conseguir informações pessoais.
O movimento, segundo o diretor de marketing e soluções da ClearSale, Omar Jarouche, não acompanhou o avanço das transações digitais no período.
De acordo com o estudo, essas transações subiram 73,8% no período.
“As fraudes amentaram, mas não na mesma proporção das transações dos bons consumidores. Na comparação entre o pré e o pós pandemia, o que conseguimos ver é uma quantidade forte de transações, subindo muito diante da entrada no ecommerce”, afirmou.
O ticket médio da fraude foi de R$ 1.002 -o dobro do observado em transações legítimas.
Fraudes no ecommerce aumentam durante a pandemia Mike Segar – 6.nov.2013/Reuters Mulher usa aparelho de celular Smartphone ** Um levantamento feito pela Câmara Brasileira da Economia Digital e pela empresa Neotrust apontou que o faturamento do comércio online no Brasil mais que dobrou em 2020. O crescimento foi de 122% no acumulado do ano até novembro, na comparação com o mesmo período de 2019.
Segundo o estudo da ClearSale, apenas no período da pandemia, de março a dezembro, as tentativas de fraude subiram 45,5% em 2020 em relação ao ano anterior, para 3,2 milhões. As transações digitais no período somaram mais de 245 milhões -crescimento de 87% na mesma comparação.
“Por causa da pandemia que chegou ao Brasil após o Carnaval, o ecommerce se tornou a única opção de compra das pessoas em muitos casos. Com isso, o número de vendas explodiu. Como era de se esperar, os fraudadores correram para aproveitar a inexperiência dos ingressantes no setor”, diz a companhia em relatório divulgado nessa segunda.
A região Norte foi a que teve mais tentativas de fraude em relação ao número de transações digitais, com 3,52%. Em seguida vieram Centro-Oeste (2,13%), Nordeste (2,05%), Sudeste (1,29%) e Sul (0,76%).
A categoria “Celulares” foi a que mais sofreu tentativas de fraudes. Em seguida vieram o setor automotivo e o de alimentos -esse último tendo ganhado mais força durante a pandemia.
O levantamento também abordou outros mercados. No setor financeiro, mais de 902 mil das mais de 22 milhões de transações analisadas eram uma tentativa de fraude -o que corresponde a 4,05% do total.
Segundo Jarouche, apesar do aumento nas queixas de fraudes pelo Pix, a companhia optou por não incorporar o novo sistema de pagamentos instantâneos do país no estudo.
“É um mercado que teve grande adesão, mas ainda é insipiente”, disse. Ele afirmou, ainda, que não há um estudo para medir a fonte primária dos casos de fraudes nesse caso -se foram por engenharia social ou roubo de celular, por exemplo.
No segmento de telecomunicações, mais de 704 mil das mais de 14 milhões de transações analisadas eram tentativas de fraude (4,97%).
Entre os principais tipos de fraudes no setor estavam o uso indevido de dados de terceiros, o desvio de equipamentos, violações por parte da equipe interna, venda indevida de produtos e serviços, redução indevida de fatura e venda de serviços não contratados.
As tentativas de fraudes nas vendas diretas -de porta em porta- também cresceram. Mais de 119 mil das mais de 3 milhões de transações feitas foram tentativa de cometer fraude.
Outro ponto abordado pelo estudo são os horários mais comuns para tentativas de fraudes.
“De acordo com o que levantamos, os fraudadores parecem cumprir expediente em horário comercial, estendendo um pouquinho mais para a noite”, disse Jarouche.
Isso porque, segundo o estudo da ClearSale, os criminosos preferem atuar de segunda a sexta-feira, principalmente das 10h às 23h.
A maior concentração é na terça, na quarta e na quinta, com 16,57%, 16,81% e 16,47% das tentativas de fraude, respectivamente. No final de semana, o percentual baixa para 9,33% (sábado) e 11,09% (domingo).