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Canais de Santos, mais que pontos de referência, um marco da engenharia sanitária brasileira

Não há como falar de Santos sem passar por seus canais - presentes da história e na alma santista, estão intimamente ligados ao desenvolvimento de São Paulo.

A ilha de Santos – há muitas décadas atrás – era cortada por alguns rios e, no decorrer de sua civilização e crescimento, a cidade começou a ter problemas de alagamento, principalmente no verão (o que é corriqueiro até hoje) e, consequentemente, uma infestação de doenças por conta disso.

Santos precisava urgentemente de uma restauração urbanística, pois a cidade era um local estratégico nacional e internacionalmente falando, já que o escoamento do café era feito por aqui, além de todos os serviços portuários.

Engenheiro sanitarista Francisco Saturnino de Brito, autor do projeto dos canais e sistema de esgoto da cidade.

Em 1905, Saturnino de Brito implantou um plano de saneamento, cuja intenção era a implementação de canais de drenagem para dar suporte aos emissários de esgoto de Santos. O projeto consistia, basicamente, em separar as águas de rios e córregos do esgoto.

Obras iniciadas em 1906, os canais seriam enormes valas destinadas à condução das águas
Inauguração do Canal 1, visto aqui no trecho da Av. Rangel Pestana, com a presença do presidente de São Paulo, Jorge Tibiriçá, e do engenheiro Saturnino de Brito, saudado pela população

Ao mesmo tempo em que o plano era colocado em prática, o Porto e o sistema de saneamento foram remodelados, pois todos precisavam funcionar em conjunto. A partir daí, os esgotos passaram a ser conduzidos por encanamentos inclinados enterrados no solo, despejando seus efluentes até as devidas estações de tratamento.

Imagem de satélite atual das cidades de Santos e São Vicente, vendo-se o sistema de canais idealizado por Saturnino e continuado pelas prefeituras das duas cidades
Para que servem os canais de Santos?

Os canais a céu aberto (os 7 que conhecemos que deságuam na praia) foram criados para captar águas pluviais (águas de chuva que caem na cidade) basicamente.

Além deles, a cidade possui outros canais “escondidos”: O do Orquidário, o da Rua Moura Ribeiro, da Jovino de Melo, o da Rua Francisco Manoel e ainda um na Rua Brás Cubas, no Centro – estes são os canais criados para a captação do esgoto, são subterrâneos e captam na cidade toda (no começo, os rejeitos atravessam pela ponte pênsil, onde há uma tubulação de esgoto (hoje inativa) e então os dutos eram jogados em alto mar in natura, sem tratamento algum.

Hoje em dia, há uma estação de tratamento de esgoto subterrâneo próximo ao Orquidário e ao Emissário Submarino, e estes rejeitos já tratados passam pelos dutos e são lançados em alto mar.

Pontos de referência

E os canais de Santos viraram muito mais do que apenas um programa sanitário. Hoje eles são ponto de referência tanto de turistas, quanto de moradores – muita gente comenta que uma das melhores coisas de se estar em Santos é a facilidade de localização, e os Canais tem muito a ver com isso!

Além disso tudo, eles são o cartão-postal daqui! Há milhares de fotos deles para divulgação da cidade, que junto as clássicas muretas, tornaram-se o símbolo de Santos. Além de estarem presentes nas redes sociais da maioria dos santistas, afinal, quem nunca tirou uma foto em algum dos canais.

Fonte: Revista 9