Muita gente só visita o oftalmologista quando está com algum sintoma – dor, coceira ou vermelhidão nos olhos, vista embaçada, dor de cabeça etc. O ideal, no entanto, é incluir esse especialista no calendário de consultas de rotina. Afinal, doenças e distúrbios oculares são mais comuns do que se imagina.
Segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), 35 milhões de brasileiros sofrem de algum problema de visão. A miopia, caracterizada pela dificuldade de enxergar objetos a distância, já é considerada a epidemia do século pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pode atingir metade da população mundial até 2020.
Segundo a Dra. Ione Alexim, oftalmologista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, para cuidarmos bem dos nossos olhos, a principal tarefa é seguir aquele velho ensinamento da medicina: prevenção. Em seguida, vêm os cuidados básicos: “Bons hábitos de higiene na região dos olhos, alimentação saudável, atividade física regular e uso de óculos de sol são alguns deles”, explica.
E não é só isso. Alterações nos olhos, apesar de muitas vezes serem passageiras, podem sinalizar a presença de outras doenças em nosso organismo. “Por isso, fazer o controle do diabetes e da hipertensão, por exemplo, é fundamental”, reco recomenda a médica. Então, agora você já sabe: aposte na combinação de atitudes preventivas com bons hábitos de higiene e saúde para cuidar bem da visão, seja para evitar doenças oculares, seja para corrigir distúrbios bem comuns.
A seguir, com a ajuda da Dra. Ione, listamos alguns desses transtornos que podem afetar a visão em todas as fases da vida, seus sintomas e tratamentos.
ECTASIAS DE CÓRNEA – Doença mais rara, é o afinamento corneal central ou paracentral. A pessoa com essa condição enxerga imagens múltiplas “fantasmas” e pontos espalhados. No geral, a progressão maior ocorre na adolescência e pode ser associada com síndromes de Down e de Marfan, alergias e catarata. O problema pode ser corrigido com lentes de contato rígidas e, em casos mais avançados, com transplante de córnea.
AMETROPIA – Distúrbio de visão muito comum decorrente da focalização inadequada da luz que chega à retina, prejudicando a nitidez da imagem. Pode ser corrigido com óculos, lentes de contato e até cirurgia em alguns casos. Apresenta diversos tipos, como:
MIOPIA – Dificuldade de enxergar objetos distantes. Acontece quando o olho é mais longo do que o normal – o que faz com que os raios de luz sejam focalizados antes da retina – ou por causa de alterações da curvatura da córnea ou do cristalino.
HIPERMETROPIA – Ao contrário da miopia, é a dificuldade de enxergar objetos próximos. Acontece quando o olho é mais curto, fazendo com que os raios de luz sejam focalizados atrás da retina. Também pode ocorrer devido a alterações no formato da córnea ou do cristalino.
ASTIGMATISMO – Acontece geralmente por uma irregularidade da curvatura da córnea. E o efeito é a distorção da imagem, já que os raios de luz não chegam ao mesmo ponto da retina.
PRESBIOPIA – É a tal da “vista cansada”, que normalmente ocorre a partir dos 40 anos e cujo sintoma é a dificuldade de focar objetos próximos. A causa principal é a perda da capacidade de contração do músculo ciliar associada ao enrijecimento do cristalino.
CONJUNTIVITE – Inflamação de origem infecciosa ou alérgica que causa coceira, lacrimejamento excessivo, hipersensibilidade à luz e sensação de areia nos olhos, e dura entre cinco e sete dias. O tratamento é baseado no uso de lágrimas artificiais, anti-histamínicos e antibióticos tópicos
CATARATA – Doença que afeta o cristalino, a lente natural dos olhos. Com o envelhecimento, a região começa a ficar opaca e a perder a transparência, dificultando a visão. Existem também casos congênitos, quando o bebê nasce com a catarata, e secundários, quando a doença é provocada pelo uso de corticoides, doenças metabólicas, traumas, entre outros. O tratamento é cirúrgico.
GLAUCOMA – A doença, que tem como principal causa a pressão intraocular elevada, atinge o nervo óptico (que leva as imagens ao cérebro para que possamos enxergar) e envolve a perda irreversível de células da retina. O sintoma é a perda gradativa da visão e o tratamento pode ser feito com colírios ou até cirurgia.
BLEFARITE – Inflamação da parte externa da pálpebra, cujos sintomas são queimação, coceira e vermelhidão, entre outros. A causa pode ser infecciosa, inflamatória ou pelo acúmulo de secreção das glândulas de gordura.
HETEROCROMIA – Anomalia genética benigna em que a pessoa tem olhos de cores distintas – como os do cantor David Bowie – ou duas cores em um mesmo olho. Se desenvolvida ao longo da vida, pode ser consequência de glaucoma, inflamação na íris, sangramento provocado por algum trauma, diabetes, entre outras doenças.
Fonte: Revista Leve