A atriz Aracy Balabanian, a icônica Dona Armênia de “Rainha da Sucata” e a impagável Cassandra de “Sai de Baixo”, morreu na manhã desta segunda-feira (7), aos 83 anos.
Aracy estava internada na Clínica São Vicente, na Gávea, na Zona Sul do Rio de Janeiro, e lutava contra um câncer de pulmão desde o fim do ano passado.
Filha de imigrantes armênios, ela nasceu em 22 de fevereiro de 1940 em Campo Grande, em Mato Grosso do Sul.
Para realizar o sonho de estar nos palcos, a menina teve que driblar a rejeição do pai, que era contra a filha seguir a carreira. “Eu comecei numa época em que não era bonito fazer televisão, nem teatro”, disse Aracy ao Memória Globo.
Aracy venceu a resistência em casa e, aos 14 anos, foi convidada por Augusto Boal — então diretor do Teatro de Arena — para um teste no Teatro Paulista do Estudante.
Ela passou, e o primeiro trabalho foi a peça ‘Almanjarra’, de Arthur Azevedo, que lhe valeu elogios dos críticos Décio de Almeida Prado e Sábato Magaldi. “Eles escreveram uma crítica que terminava dizendo: ‘Aracy Balabanian: guardem esse nome’. Eu fiquei possuída”.
Fez vestibular aos 18 anos para a Escola de Arte Dramática de São Paulo e para Ciências Sociais, na USP – este, atendendo ao desejo do pai. Aprovada em ambos, abandonou o último no terceiro ano para se dedicar totalmente ao teatro.
Participou de espetáculos encenados pelo Teatro Brasileiro de Comédia, o TBC – entre eles, ‘Os Ossos do Barão’, de Jorge Andrade, em 1963 – e integrou o elenco da primeira montagem no Brasil do musical ‘Hair,’ em 1969, dirigido por Ademar Guerra.
A partir de então, Aracy Balabanian deu vida a diversos personagens que ficaram marcados na memória do público. Entre eles estão Gabriela, do programa infantil “Vila Sésamo”, em 1973.
A atriz passou dois anos trabalhando na Rede Manchete. Lá, entre 1986 e 1988, ela integrou o elenco das novelas “Mania de Querer” e “Helena”.
A atriz voltou para a Globo em 1989, interpretando Maria Fromet em “Que Rei Sou Eu?”.
Em 1990, conquistou o país com a Dona Armênia, de “Rainha da Sucata”, mãe controladora de três filhos. Ela emprestou o sotaque e alguns costumes armênios da família à trama. O personagem fez tanto sucesso que voltou em “Deus nos Acuda”, de 1992.
“Minha mãe era uma mulher toda aplicada, mas nós tínhamos uma vizinha que falava muito alto, que se metia na vida de todo mundo. Então, eu fiz um pouco assim. Foi uma loucura o sucesso da personagem”, disse. O bordão “na chon!” é lembrado até hoje.
A atriz interpretou a manipuladora Filomena em “A Próxima Vítima”, de 1995. O papel lhe deu o prêmio de Melhor Atriz da Associação Paulista de Críticos de Arte.
A consagração veio também com Cassandra, em “Sai de Baixo”, de 1996. Ela vivia uma socialite decadente.
“Eu me vi fazendo uma coisa que é o sonho de todo ator: teatro e televisão, ao mesmo tempo. Só que era um espetáculo ensaiado em uma tarde”, contou Aracy ao Memória Globo.
O programa, exibido no domingo à noite, era gravado em um teatro com plateia e incorporava risos e improvisos do elenco.
Fonte: G1